O comércio internacional nunca foi neutro. E agora, mais uma vez, o Brasil está no centro de um jogo onde tarifas são usadas como instrumentos de pressão política.
As novas taxações impostas pelos Estados Unidos deixam claro: não se trata apenas de protecionismo econômico. Trata-se de um reposicionamento geopolítico. Os EUA, nosso segundo maior parceiro comercial depois da China, estão reorganizando suas prioridades. E o Brasil, mais uma vez, ficou no contrapé.
Não é de hoje que venho alertando: desde a eleição de Trump, o Brasil precisava rever sua postura estratégica. Apoiar, de forma irrestrita, temas sensíveis ao Ocidente – como a proposta de uma nova moeda pelos BRICS – sem uma diplomacia técnica e pragmática por trás, teria custo. E ele chegou.
Enquanto a Argentina buscou equilibrar relações, mantendo diálogos com EUA e Europa, o Brasil seguiu apostando todas as fichas num alinhamento ideológico com blocos alternativos, sem construir alternativas comerciais sólidas com parceiros tradicionais.
O resultado está à vista:
O cenário atual:
O agro brasileiro tem peso. Alimenta mais de 800 milhões de pessoas e responde por cerca de 25% do nosso PIB. Mas força produtiva sozinha não basta. É preciso estratégia, articulação e visão global.
As novas taxações dos EUA não são apenas números em uma planilha. São um aviso. Quem não ocupa espaço com estratégia será movido como peça por quem comanda o tabuleiro.
O agro precisa estar no centro da discussão. E não apenas como espectador.